Playlist 08. 08/10 - Representação: Psicologia Cognitiva, Cognitivismo e Psicologia Social
A partir de hoje trabalharemos com o material da próxima aula, quando teremos palestra das profas Renata Lira e Fátima Santos, do PPG em Psicologia da UFPE. Faremos, a respeito da leitura indicada por elas e recomendada abaixo, uma atividade que nos permita aproveitar melhor o encontro na próxima semana, e, assim, participarmos ativamente debate em sala.
Leitura Recomendada
Jodelet, D. (2016). A representação: noção transversal, ferramenta da transdisciplinaridade. Cadernos de Pesquisa, 46(162), 1258-1271.
Atividade
A partir da leitura do artigo acima e considerando leituras prévias, responda (individualmente ou em dupla):
- Como podemos diferenciar/aproximar o estudo do símbolo e das representações para Piaget, Vygotsky, Psicologia Cognitiva (considere a experimental/neuropsicologia) e Psicologia Social (considerando estudo de representação apresentado por Jodelet);
- Como compreender a noção de representação no estudo transdiciplinar.
Prazo: 14/10/2019
Obaaaa! Estaremos juntas e vamos ver o que faremos com tanta representação rsrsrsrs
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirOi Carolina. Percebi que o post possui posições claras de Jodelet, como esperado. Fiquei na expectativa quanto as articulações com os estudos de Piaget, Vygotsky e Psi Cognitiva experimental de forma mais precisa. Exemplo: como aproximar/diferenciar dos estudo das funções mentais superiores - do estudo símbolo - para Vygotsky? Representar e simbolizar são a mesma coisa?
ResponderExcluirDupla: Mauricio e Rennan
ResponderExcluirJodelet (2016) em seu texto, deixa claro que a noção de representação para a psicologia social remete ao caráter social ou coletivo, pondo em relação vários campos da realidade social, política, econômica, religiosa e entre outros. Ou seja, a representação faz parte do nosso cotidiano, onde o sujeito se utiliza deste recurso a partir de sua interação com a cultura, tendo sua concepção do sujeito como um ser dialógico, e não sistêmico/mecânico, já que é levado em consideração os aspectos afetivos, emocionais e motivacionais.
Para Piaget (1993), a utilização das representações pelo sujeito, começam desde cedo quando a criança através da linguagem, da interação com os objetos culturais e com os outros, começam a se apropriar e representar simbolicamente o significado das coisas. O produto da representação só é valido, se for legitimado ou justificado pela sociedade.
Já Vygotsky (1991, p.74) estudou a representação simbólica com crianças, e deu o nome de representação simbólica primária como uma base para todos os sistemas de signos. A partir de uma frase, a crianças representavam objetos através do desenho, chegando a conclusão de que para a criança representar aquele objeto, ele primeiro teve que passar por alguma experiencia/interação que o remetesse a uma associação da palavra com o objeto, para dar-lhe o seu significado.
O ponto em comum entre todos os autores é a questão da interação com a cultura, para se apropriar e organizar os símbolos, a fim de representar algo.
Com a globalização, as sociedades facilitaram que pessoas, coisas e novos conhecimentos cruzassem suas fronteiras, permitindo que experiências inéditas surgissem dessas trocas, assim como também surgiram ideias conflitantes sobre as representações dos sujeitos e dos grupos.
Partindo do princípio de que a representação assume funções e tendências diferentes/complementares a depender do campo científico de referência, métodos e propostas foram sendo construídas para integrar os conhecimentos desses diversos campos de saberes, com o objetivo de ampliar o alcance das explicações/representações do mundo, nesse cenário da globalização.
Jodelet (2006, p. 1262) aponta para a transdisciplinaridade enquanto movimento científico que visa ir além da “visão hierárquica, homogênea das ciências, compartimentada em domínios fechados” possibilitando compreensões contextualizadas, em maior nível de complexidade, englobando fazeres e saberes de campos científicos heterogêneos. Além disso, a transdisciplinaridade não somente permite a participação, como também da relevância às contribuições dos atores sociais.
Isso é praticável devido ao estudo e uso das diferentes representações construídas e desveladas entre as disciplinas e contextos em relação. Ora complementando conhecimentos acerca da atividade mental dos indivíduos, como também das enunciações relativas as coisas no/do mundo. A representação proporciona a ciência transdisciplinar o estudo das reconfigurações do mundo globalizado, em seus contextos e campos de aplicação. Enquanto ferramenta demarca a estabilidade dos referenciais simbólicos que estruturam as relações entre as pessoas e as sociedades, concebidos tanto pelos grupos sociais, quanto pelos coletivos científicos. Em resumo, “a noção de representação tem um caráter transversal que oferece recursos para pôr em prática a transdisciplinaridade” (JODELET, 2016, p. 1261).
Dupla: Carol Mota e Josene
ResponderExcluirParte 01
Função simbólica é um termo utilizado por Piaget como a capacidade de criar representações mentais (ex: palavras, números ou imagens) a que se atribuem significados. Pode ser definido também como a capacidade de usar símbolos e representações mentais com significados, o que permite às pessoas a lembrança de coisas que não estão presentes fisicamente.Para Piaget um conceito essencial no estágio Pré-operatório (2 a 7 anos) é o de representação, que em sua teoria é definida como a capacidade de pensar um objeto através de outro objeto. Nesse estágio, a criança trabalha com representações mas terá todo trabalho de organizar essas representações em um todo coerente, as operações significam exatamente organizar as representações de uma maneira coerente e estável. No estágio Operatório (a partir dos 7 anos) existe um outro tipo de representação na medida que acontece a ação interiorizada e reversível, ou seja, um ato de pensar mais complexo que no estágio anterior, com hipóteses.
Para Vigotski a relação do homem com o mundo não é uma relação direta e sim mediada. Esta mediação pode ser feita através de instrumentos - quando utilizamos ferramentas ou instrumentos intermediários, e de signos - formas posteriores de mediação de natureza semiótica ou simbólica que fazem uma interposição entre o sujeito e o objeto de conhecimento/mundo de forma simbólica. As características tipicamente humanas destacadas pelo teórico, são vistas como possibilidade de transitar em mundo simbólico, criado por representações do mundo em nosso sistema psicológico. A linguagem, como sistema simbólico, atua como uma ferramenta interna de organização do sistema psicológico do sujeito e é internalizada a partir do contexto histórico-cultural.
Na Psicologia Cognitiva, o uso da noção de representação emergiu nos anos 70. A atividade mental é estudada no nível dos processos intraindividuais e das estruturas de saber correspondentes.; e a representação seria uma atividade mental individual.
Na Psicologia Social a representação estabelece um vínculo entre um sujeito, individual ou social, e um objeto que ela substitui; daí seu caráter simbólico. São elaborações produzidas conjuntamente dentro de uma determinada formação social, grupo social ou coletivo científico que intervêm na ação no mundo social, na medida em que essa ação fundamenta-se no conhecimento que os atores sociais têm desse mundo e de sua própria posição. Como atividade, pode remeter a processos cognitivos individuais ou socialmente informados, a elaborações produzidas conjuntamente dentro de uma determinada formação social, grupo social ou coletivo científico (conforme as disciplinas). De acordo com a perspectiva adotada, individual ou coletiva, as características da atividade mental serão diferentes. Nos ramos da psicologia, a atividade mental pode ser estudada no nível dos processos intraindividuais e das estruturas de saber correspondentes. No âmbito da antropologia, sociologia e história, o uso da noção de representação social e/ou coletiva é objeto de um uso explícito e refletido em que veem nela um meio de acesso às dimensões simbólicas, culturais e práticas dos fenômenos sociais.
Dupla: Carol Mota e Josene
ResponderExcluirParte 02
A noção de representação, que se inscreve em uma longa tradição de pensamento tanto na filosofia quanto na epistemologia das ciências humanas, pode ser compreendida como atividade mental individual ou social, e o resultado dessa atividade, ou seja, as proposições a respeito de um estado de coisas, de uma situação ou de entidades humanas, sociais ou materiais ( JODELET, 2016).
Segundo o mesmo autor, em convergência com a psicologia social, a transdisciplinaridade apresenta uma visão que substitui a perspectiva hierárquica, homogênea da ciência tradicional, por uma reorganização resumida e uma contextualização dos conhecimentos ao lado de contribuições de especialistas, os saberes dos atores sociais. Por sua vez, a transdisciplinaridade tem por objetivo a compreensão do mundo da vida que visa também ao estudo das representações sociais. Seu objetivo seria a compreensão do mundo presente cuja complexidade não poderia ser circunscrita pela pesquisa disciplinar. Nessa perspectiva, as pesquisas transdisciplinares exigiriam proposições empíricas e normativas mais democráticas e participativas.
Assim, os fenômenos de representação se revelam entre diversos campos de saberes, como as ciências sociais, a psicologia, a psicanálise, as ciências cognitivas, as neurociências e a filosofia. Por essas diferentes concepções, evidencia-se que a noção de representação tem um caráter transversal que oferece recursos para pôr em prática a transdisciplinaridade. Portanto, pensar numa perspectiva da transdisciplinaridade, é ter uma compreensão holista dos processos empregados na vida material e social, uma vez que permite verificar como as representações científicas válidas em um lugar específico podem servir para apreender e criar novos saberes que subentendem a ação, inclusive o saber experiencial que os indivíduos acumulam ao longo de suas vidas.
Olá pessoal. As respostas trazem este esforço que fizemos até em sala de aula para entender as diferenças entre os fenômenos das teorias dos diferentes pensadores. Representações sociais, como dito ontem, diz de conceito, fenômeno e teoria. Se diferencia na especificidade de significar o saber popular, construído socialmente, e que ao mesmo tempo que conserva características de estabilidade, também se modifica ao longo do tempo. Assim as RS são bastante diferentes das propostas que já discutimos para símbolo e representações dentro da Psicologia Cognitiva ou do Cognitivismo. Achei muito bom o encontro de ontem. Aprendi bastante com todos/as.
ResponderExcluir