Playlist 02. 27/08 - Fundamentos científicos: do positivismo às discussões contemporâneas
Hoje faremos o debate entre as diferentes bases epistemológicas que norteiam a construção de conhecimento ao longo do tempo. Para a atividade nos dividiremos em dois grupos, e cada um terá as leituras recomendadas abaixo indicadas conforme decidimos na aula anterior.
Leitura Recomendada
CASTAÑON, G. (2007). Introdução à epistemologia. (Parte II) Disponível em: http://197.249.65.74:8080/biblioteca/bitstream/123456789/892/1/Introducao%20a%20Epstemologia.pdf Acessado em 10/08/2019.
Para discutir
Positivismo: "Positivismo Lógico é a denominação que recebeu a produção de uma série de pensadores, a maioria de origem vienense, entre os quais se destacam Moritz Schlick, Rudolf Carnap e Otto Neurath, que também é referida às vezes por Círculo de Viena, às vezes por neo-positivismo. Esse pensamento se caracteriza pelo aprofundamento da atitude caracteristicamente antimetafísica do Positivismo, uma preocupação central com o uso da linguagem na atividade científica e uma produção intelectual quase que absolutamente voltada para a análise da estrutura e dos métodos das ciências naturais. Para o Positivismo Lógico, a Lógica e a Matemática são conhecimentos a priori, independentes da experiência e fundamentam a linguagem científica. Mas o conhecimento empírico, diversamente do formal, não tem outro meio de obtenção que não a observação pura e alguma forma de indução".
[...] Como unificar a ciência? O primeiro passo é a demarcação clara do campo da ciência para o campo da não-ciência. Como dito acima, para o Kreis essa demarcação era dada pelo princípio da verificabilidade. Mais do que isso, o princípio da verificação era verdadeiro critério de significância, que distinguiria proposições insensatas de proposições sensatas"[...] Aqui nos aproximamos da segunda característica principal do Positivismo Lógico, que é o fisicalismo. O princípio da verificação, como observaria mais tarde Popper (1975), entre outros, é contraditório. Os membros do Kreis estavam conscientes desta contradição, que consiste no seguinte: o próprio princípio de verificação, deve ser uma assertiva factual para ter sentido.
Fenomenologia: "Então Husserl (2002) passa, depois de definida a humanidade européia, a esclarecer o contexto da crise espiritual em que ela se encontra. Ele enfatiza que sua exposição não consiste numa tentativa de reabilitar “a honra do racionalismo” ou do iluminismo, mas deixa claro que, apesar de concordar com o diagnóstico de que a crise européia se arraiga numa aberração do racionalismo, ele especifica bem que tipo de aberração seria essa: o objetivismo naturalista que se traveste de racionalismo".
[...] "Como já ficou claro, Husserl se levanta não contra a ciência, nem mesmo contra a racionalidade científica, mas contra o objetivismo ingênuo e a degeneração da razão que se transformava em “razão instrumental” (para usar um termo frankfurtiano) operada pelo Positivismo principalmente. Husserl foi uma das mais influentes vozes a se levantar contra o Positivismo ainda reinante em sua época, e essa contestação se deu durante toda sua vida, seguindo duas linhas básicas de argumentação: a crítica ao psicologismo (tema com o qual iniciou sua produção filosófica) e o questionamento da aplicação do método científico experimental à realidade humana (tema com o qual estava trabalhando na época de sua morte)."
[...] "para Husserl, a originalidade da consciência fica fora do alcance do método das ciências naturais justamente porque, como demonstra Husserl, ela é intencional. A objetificação da consciência na verdade cria um outro objeto, que nada tem a ver com a consciência real".
Historicismo Francês: "A tese de Bachelard é de que a evolução do conhecimento não tem fim e de que a filosofia deve ser instruída pela ciência. A Filosofia deve ser “contemporânea de sua ciência”, ou seja, deve estar antenada e sintonizada com as principais conquistas científicas de seu tempo. Principalmente, precisa a Filosofia estar em sintonia com os métodos com os quais essas conquistas foram feitas e com as suas conseqüências filosóficas. Para ele, “a ciência não tem a filosofia que merece” porque a filosofia não teria acompanhado o seu desenvolvimento, uma vez que continua procurando a estabilidade de seus conceitos, enquanto a Ciência busca a permanente superação dos seus".
Leitura Recomendada
CASTAÑON, G. (2007). Introdução à epistemologia. (Parte II) Disponível em: http://197.249.65.74:8080/biblioteca/bitstream/123456789/892/1/Introducao%20a%20Epstemologia.pdf Acessado em 10/08/2019.
Para discutir
Positivismo: "Positivismo Lógico é a denominação que recebeu a produção de uma série de pensadores, a maioria de origem vienense, entre os quais se destacam Moritz Schlick, Rudolf Carnap e Otto Neurath, que também é referida às vezes por Círculo de Viena, às vezes por neo-positivismo. Esse pensamento se caracteriza pelo aprofundamento da atitude caracteristicamente antimetafísica do Positivismo, uma preocupação central com o uso da linguagem na atividade científica e uma produção intelectual quase que absolutamente voltada para a análise da estrutura e dos métodos das ciências naturais. Para o Positivismo Lógico, a Lógica e a Matemática são conhecimentos a priori, independentes da experiência e fundamentam a linguagem científica. Mas o conhecimento empírico, diversamente do formal, não tem outro meio de obtenção que não a observação pura e alguma forma de indução".
[...] Como unificar a ciência? O primeiro passo é a demarcação clara do campo da ciência para o campo da não-ciência. Como dito acima, para o Kreis essa demarcação era dada pelo princípio da verificabilidade. Mais do que isso, o princípio da verificação era verdadeiro critério de significância, que distinguiria proposições insensatas de proposições sensatas"[...] Aqui nos aproximamos da segunda característica principal do Positivismo Lógico, que é o fisicalismo. O princípio da verificação, como observaria mais tarde Popper (1975), entre outros, é contraditório. Os membros do Kreis estavam conscientes desta contradição, que consiste no seguinte: o próprio princípio de verificação, deve ser uma assertiva factual para ter sentido.
Fenomenologia: "Então Husserl (2002) passa, depois de definida a humanidade européia, a esclarecer o contexto da crise espiritual em que ela se encontra. Ele enfatiza que sua exposição não consiste numa tentativa de reabilitar “a honra do racionalismo” ou do iluminismo, mas deixa claro que, apesar de concordar com o diagnóstico de que a crise européia se arraiga numa aberração do racionalismo, ele especifica bem que tipo de aberração seria essa: o objetivismo naturalista que se traveste de racionalismo".
[...] "Como já ficou claro, Husserl se levanta não contra a ciência, nem mesmo contra a racionalidade científica, mas contra o objetivismo ingênuo e a degeneração da razão que se transformava em “razão instrumental” (para usar um termo frankfurtiano) operada pelo Positivismo principalmente. Husserl foi uma das mais influentes vozes a se levantar contra o Positivismo ainda reinante em sua época, e essa contestação se deu durante toda sua vida, seguindo duas linhas básicas de argumentação: a crítica ao psicologismo (tema com o qual iniciou sua produção filosófica) e o questionamento da aplicação do método científico experimental à realidade humana (tema com o qual estava trabalhando na época de sua morte)."
[...] "para Husserl, a originalidade da consciência fica fora do alcance do método das ciências naturais justamente porque, como demonstra Husserl, ela é intencional. A objetificação da consciência na verdade cria um outro objeto, que nada tem a ver com a consciência real".
Historicismo Francês: "A tese de Bachelard é de que a evolução do conhecimento não tem fim e de que a filosofia deve ser instruída pela ciência. A Filosofia deve ser “contemporânea de sua ciência”, ou seja, deve estar antenada e sintonizada com as principais conquistas científicas de seu tempo. Principalmente, precisa a Filosofia estar em sintonia com os métodos com os quais essas conquistas foram feitas e com as suas conseqüências filosóficas. Para ele, “a ciência não tem a filosofia que merece” porque a filosofia não teria acompanhado o seu desenvolvimento, uma vez que continua procurando a estabilidade de seus conceitos, enquanto a Ciência busca a permanente superação dos seus".
[...]"Como afirmam Reale & Antisieri (1991), para Bachelard a forma do pensamento
científico é “uma verdade sobre o fundo de um erro”. A dúvida para Bachelard vai à frente
do método para derrubá-lo, e não antes dele, como queria Descartes, para fundamentá-lo de
forma definitiva" [...]"A tese central epistemológica de Foucault não difere muito do pensamento de
Thomas Kuhn. Em “As Palavras e as Coisas”, original de 1966, Foucault (2002) defende
que a história da cultura é governada e formada pelo que ele chama de “estruturas
epistêmicas” (ou epistemes) que agem a nível inconsciente qualificando os diversos campos
do saber. Foucault acredita que uma “estrutura epistêmica” é o conjunto das relações entre
os diversos campos do saber que existem em um período histórico determinado. Estes
diversos campos ou “discursos” das disciplinas científicas são, em seu conjunto numa
determinada época, a “episteme” daquela época. Foucault deu o nome à disciplina que
estudaria tais “discursos” e “epistemes” de “arqueologia do saber”. Essa “ciência
arqueológica” segundo ele demonstraria que não há progresso na história, a sucessão de
epistemes é descontínua e sua ascensão e queda não tem muito sentido".
[...]"Foucault (2002) portanto conclui o raciocínio como sua célebre tese de que o
“homem” como o concebemos, o ser humano da tradição humanista, é uma “invenção”
histórica recente, de cerca de duzentos anos, e que sua morte se deu em nossa época. Assim,
mais do que a morte de Deus, escreve Foucault em “As Palavras e as Coisas”, devemos
proclamar a morte do Homem".
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